sábado, 28 de maio de 2011

Entrevista com Tiago do Carmo



Em entrevista tivemos com Tiago do Carmo, estudante do primeiro ano do curso de Comunicação Social da Escola Superior de Coimbra. Que nos deu um retrato em primeira pessoa daquilo que é ser um trabalhador-estudante.


Repórter: Sabemos que trabalhas enquanto estudas. Tens o estatuto de trabalhador estudante?


Tiago do Carmo: Tenho. Entreguei, no início do ano, na escola, um documento assinado pela entidade patronal, a comprovar que tenho um emprego.



R.: E que regalias te dá esse tipo de estatuto?


T.C.: Na escola, as faltas são justificadas, tenho direito a uma época especial para exames e, por exemplo, no primeiro semestre, na disciplina de Françês, não assistindo a 70% das aulas era obrigado a ir a exame oral, e com o estatuto trabalhador-estudante não tive de ir. No trabalho, onde tive de entregar o comprovativo de matrícula, tenho direito ao dia anterior e ao dia do exame, ou qualquer prova de avaliação, entregando o comprovativo da escola assinado pelo professor.



R.: Depois de entregues os documentos, foi fácil a obtenção do estatuto?


T.C.: Sim. entreguei a documentação que me foi solicitada pela escola e não tive qualquer problema.



R.: O facto de teres emprego prejudica-te na assiduidade escolar ou na realização de trabalhos?


T.C.: A nível de assiduidade escolar, prejudica um pouco, uma vez que o meu horário é das 13h às 22h e tenho aulas que terminam às 13h20. No entanto, o facto do primeiro ano ter apenas aulas da parte da manhã, ajudou-me nesse sentido.

A nível da realização de trabalhos, prejudica-me bastante. O facto de estar ocupado com aulas da parte da manhã e com trabalho até as 22h, não me permite reunir com os meus colegas de grupo e também tenho muito pouco tempo para fazer a minha parte do trabalho. O meu dia devia ter no mínimo 30 horas... (risos)



R: Já tiveste de desistir de alguma disciplina por esse motivo?


T.C.: Desistir não desisto, porque tenho sempre a opção de fazer a disciplina por exame. Mas, aquando da escolha do modo de avaliação, esse é um factor importante. Por exemplo, neste semestre decidi colocar 2 disciplinas em avaliação por exame, e o facto de ter pouco tempo para fazer trabalhos vai obrigar-me a fazer disciplinas por exame que queria fazer por avaliação contínua.



R.: Sentes-te incentivado a continuar a trabalhar enquanto estudas?


T.C.: Como trabalho há 6 anos, já não conseguia ficar sem trabalhar, e o facto de gostar daquilo que faço, faz-me sentir motivado. No entanto, já pensei reduzir o horário para part-time no intuito de ficar com mais tempo livre para os trabalhos, mas a diferença de salário é grande...



R.: Já pensaste em deixar de estudar por causa do trabalho?


T.C.: Não. Ingressar no ensino superior era o que eu devia ter feito antes de começar a trabalhar. Talvez por ter entrado já com 26 anos, vejo as coisas de maneira diferente. Não tenho o espírito do "o curso não é para fazer, é para se ir fazendo…", quero acabar o curso o mais rápido possível. Porque se é difícil arranjar emprego estável e com um bom salário com uma licenciatura, mais difícil é com o 12º ano...



R.: Só posso concordar contigo. Resta-me desejar-te uma boa continuação de curso e sorte no trabalho.


T.C.: Obrigado.

Fotorreportagem com Joana Góis



Joana Góis trabalha como Barwoman no estabelecimento Kool Café






Obrigado a adiar estudos

Romeu Carvalho, estudante da Escola Superior de Educação de Coimbra, afirmou que foi forçado a adiar os estudos no curso de Comunicação Social, por dificuldades decorrentes do trabalho que exercia simultaneamente na TVI, enquanto repórter de imagem.

O estudante de 25 anos que já ingressou tardiamente no ensino superior, teve agora de adiar a conclusão das cadeiras do segundo semestre do 1º ano para o próximo ano lectivo. Tendo sido destacado para a sede do canal TVI no Porto, a fim de cobrir as movimentações da actual campanha política respeitante às eleições legislativas do próximo mês, ficou impossibilitado de dedicar a atenção necessária para cumprir com os objectivos que cada disciplina lhe exigia assim como a presença nas aulas necessária para um bom aproveitamento escolar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Condição do Trabalhador-estudante

Trabalhar para estudar é cada vez uma realidade nos dias de hoje. Para conseguir sustentar todas as despesas que um curso superior acarreta, os estudantes são obrigados a ter uma actividade laboral.

Segundo estudos feitos, a maioria dos trabalhadores-estudantes sentem bastante dificuldade em conciliar as duas actividades. No entanto, sentem uma maior independência e que estão a adquirir bastante experiência de vida, o que lhes poderá vir a ser benéfico no futuro. Estes estudos revelam também que nem todos os trabalhadores-estudantes fazem as duas actividades por obrigação ou necessidade, já que há alguns que o fazem também por opção, o que nos leva a concluir que há muitos trabalhadores-estudantes por gosto e outros por necessidade.

No caso do Ensino Superior português, cerca de 20 % dos alunos são trabalhadores-estudantes, sendo este valor baixo em relação a muitos países da União Europeia mais desenvolvidos, o que vem realçar a ideia referida no parágrafo anterior entre a necessidade/opção de exercer as duas actividades simultaneamente. Em relação aos que estudam e trabalham por gosto, este facto deve-se em muitos casos ao objectivo destes aumentarem os seus conhecimentos/habilitações no trabalho que desempenham.


Fontes:

http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=149&doc=11097&mid=2

http://e-feito.blogspot.com/2010/12/trabalhar-e-estudar-simultaneamente.html