terça-feira, 12 de abril de 2011

Há quem tenha nascido em berços de lata.



Ainda ontem era eu tão pequena...

A minha maior preocupação era conseguir ter meia dúzia de moedas para poder comprar algumas chiclets na mercearia da  "ti" Lúcia, como era conhecida lá na aldeia. Com o passar dos anos, mudei da escolinha com o recreio repleto de ervas secas para a escola "dos grandes". E daí, aterrei numa escola que prima por ser frequentada por pessoas ainda maiores, maioritariamente vestidos de preto e branco e com as suas capas sobre as costas doentes das noitadas (seja por causa dos passeios pela Praça da República ou das frequências e trabalhos "para o dia a seguir"). Isto para poder concluir que, a partir de Outubro deste ano, as minhas preocupações financeiras mudaram da noite para o dia.

Dependendo do sítio de onde cada um de nós chegou, adaptamos a "estadia" por Coimbra às nossas próprias necessidades. Nem todos nascemos em "berços de ouro" e por vezes, até mesmo para quem sempre viveu em Coimbra, é difícil conseguir ter uma passagem tranquila pelo ensino superior. Há, claro, o  enorme detalhe que é comum a qualquer uma das pessoas que vejo todos os dias quando subo as escadas do portão da entrada: todas têm de pagar propinas.

propina 
s. f.
1. Gratificação.
2. Quantia que se paga ao Estado para fazer uma matrícula, um exame, obter a equivalência de diplomas e outros actos!.
3. Quantia paga para frequentar um estabelecimento de ensino superior.
4. Desus. Jóia! que em algumas associações paga aquele que delas quer fazer parte.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


Quando nos deparamos com as diferentes realidades que existem à nossa volta, paramos para pensar nos sacrifícios que alguns estudantes fazem para, dia após dia, continuar de cabeça levantada, sorrindo enquanto avançam dos claustros até ao topo das escadas interiores do edifício do qual esperam sair, no tempo certo (nem mais um ano, nem menos um ano) com uma licenciatura abraçada a si, embebida na maior justiça do mundo.

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